Nas últimas décadas, os modelos matemáticos transformaram as finanças globais. Esses modelos tornaram muitas pessoas milionárias e até bilionárias, mas também provocaram crises devastadoras.
Um grupo chave nesse cenário são os “quants”, indivíduos que desenvolvem métodos quantitativos, como algoritmos para a precificação de ações e negociações automáticas.
Emanuel Derman é um dos nomes mais marcantes nesse campo. Pioneiro entre os quants nos anos 1980, sua história é contada no livro “My Life as a Quant: Reflections on Physics and Finance”.
Derman descreve sua infância na África do Sul, onde desenvolveu um interesse precoce pela matemática. Sua veia científica o levou a estudar física, culminando em um PhD em física teórica. No entanto, sua jornada acadêmica não foi nada fácil, repleta de desafios e competitividade extrema pelas limitadas posições de pós-doutorado.
Emanuel Derman: O pioneiro dos “quants”
Após concluir seu doutorado e enfrentar inúmeras dificuldades no mundo acadêmico, Derman migrou para a iniciativa privada. Ele entendeu rapidamente que, em uma empresa, a eficiência de um modelo simples e funcional é muito mais valorizada do que a complexidade de um modelo que leva anos para ser ajustado.
Nos ambientes corporativos, Derman às vezes enfrentava preconceito e zombarias dos colegas, especialmente nos anos 80. Imagine um quant introspectivo e pensador em meio a traders ferozes e extrovertidos, sempre propensos ao risco. Era um contraste marcante.
Importância dos quants no mercado financeiro
No mercado financeiro, a precificação de derivativos exige conhecimentos analíticos avançados, incluindo cálculo e programação. Derman trabalhou com Fischer Black, co-criador do modelo de Black-Scholes, na elaboração do modelo que hoje é chamado Black-Derman-Toy.
Na academia, o conhecimento teórico é valioso, mas no mundo corporativo, às vezes, a política e a gestão pesam mais do que a capacidade técnica. Chega um ponto onde apenas ser um técnico experiente não basta. Muitos quants aspiram a posições mais voltadas para o negócio, desejando um progresso de carreira que vai além das habilidades técnicas.
Como os modelos matemáticos influenciam as finanças?
Os modelos são essenciais na tomada de decisões financeiras, especialmente na avaliação de derivativos complexos como opções. No entanto, é preciso lembrar que um modelo é apenas uma representação. Ele deve capturar a essência do que está sendo modelado. Adicionar complexidade sem ganhos reais pode tornar o modelo inútil.
A carreira dos quants é cíclica. Há momentos de alta demanda e períodos em que são vistos apenas como custos. Essa flutuação é comum em diversas profissões, mas a especificidade do trabalho dos quants os torna especialmente suscetíveis às oscilações do mercado financeiro.
Derman e a perspectiva da finança quantitativa
Derman adorava programação e exatidão, apreciando a capacidade de criar algo complexo com suas próprias mãos. No entanto, chegou um ponto em sua carreira em que ele decidiu deixar Wall Street. Ele queria escrever livros e adotar uma visão mais crítica sobre a finança quantitativa.
Seu livro é uma leitura essencial para os aficionados por fórmulas e algoritmos complexos, especialmente aqueles que consideraram uma carreira acadêmica, mas acabaram na iniciativa privada.
O legado de Derman
A contribuição de Emanuel Derman para a finança quantitativa e para os quants é imensurável. Seu trabalho continua a influenciar o campo, inspirando novos pesquisadores e profissionais.
A história de Derman é um lembrete de que, apesar dos obstáculos e das mudanças de carreira, a paixão pelo conhecimento e pela inovação pode transformar diretamente o mundo ao nosso redor.