Após uma sequência de adiamentos, a Americanas (AMER3) finalmente divulgou na noite da última quarta-feira (15) os resultados financeiros pendentes, trazendo à tona o balanço consolidado de 2023. A empresa registrou um prejuízo acumulado de R$ 2,272 bilhões.
Apesar das perdas robustas, a cifra é consideravelmente menor do que o montante de R$ 13,22 bilhões registrado em 2022, considerando os números reapresentados após a descoberta da fraude de resultados. A redução significativo no valor do prejuízo oferece uma nova perspectiva para a empresa.
Os Resultados Financeiros da Americanas em 2023
A receita líquida da Americanas caiu 42,1% no comparativo anual, encerrando 2023 em R$ 14,94 bilhões. Esse declínio foi impulsionado pela forte redução no canal digital e por problemas de abastecimento nas lojas físicas, particularmente após o pedido de recuperação judicial. A varejista ainda lida com consequências severas dos acontecimentos do ano anterior.
Em termos de endividamento, a dívida líquida subiu para R$ 33,45 bilhões, um aumento de 20,8% em relação a 2022. Já o endividamento bruto somou R$ 39,43 bilhões no mesmo período. O Ebitda foi negativo em R$ 2,8 bilhões, uma melhora em relação ao ano anterior.
Quais Foram os Motivos para a Redução do Prejuízo?
Segundo a Americanas, o resultado de 2022 foi fortemente afetado pelo impacto operacional da crise financeira, a redução de receitas, custos adicionais da investigação e recuperação judicial. Esses desafios foram parcialmente compensados por impactos tributários reconhecidos no balanço de 2023.
A empresa destaca que os últimos 18 meses foram de grandes desafios, incluindo a revelação de inconsistências contábeis, agora identificadas como uma complexa fraude de resultados, além da necessidade de reconstrução completa da companhia. No entanto, a aprovação do plano de recuperação judicial e a execução da reestruturação criaram uma perspectiva positiva para a companhia gerar lucro tributável em 2024.
Como Está a Situação da Dívida da Americanas?
O endividamento da varejista continua sendo um ponto considerável de preocupação. Com a dívida líquida alcançando R$ 33,45 bilhões e o endividamento bruto de R$ 39,43 bilhões, a gestão financeira precisa de ajustes significativos. A Americanas ajustou sua estratégia para melhorar a rentabilidade da operação, incluindo a migração de categorias relevantes para o 3P (vendas no marketplace).
Números do Primeiro Semestre de 2024
- Receita líquida: R$ 6,8 bilhões (-2,6% a/a)
- Ebitda: R$ 1,34 bilhão, revertendo as perdas de R$ 1,18 bilhão do 1S23
- GMV total: R$ 10,1 bilhões (-9% a/a)
- Dívida líquida: R$ 38,879 bilhões, piora de 16,2% sobre o consolidado de 2023
Qual a Estratégia Futura da Americanas?
Além da publicação dos números atrasados, a varejista anunciou que decidiu parar de divulgar as projeções financeiras (guidance) para os próximos trimestres. A decisão permite que a empresa “reavalie a expectativa de desempenho futuro”.
A estratégia de migração do 1P (vendas de mercadorias próprias) para o 3P faz parte do esforço da Americanas para melhorar a rentabilidade. O foco está agora em otimizar operações e restaurar a confiança dos consumidores, principalmente no canal digital.
Relembre o Caso da Americanas
A varejista protagonizou um dos maiores escândalos contábeis do mercado de capitais no Brasil. Em janeiro de 2023, entrou com um pedido de recuperação judicial diante do agravamento da situação financeira. A fraude contábil foi estimada em R$ 25,2 bilhões, próximo do rombo calculado inicialmente.
Com uma trajetória marcada por desafios extremos, a Americanas busca reconstruir sua imagem e operações para iniciar um ciclo sustentável de rentabilidade. A expectativa é que, com a reestruturação e estratégias renovadas, a empresa consiga se recuperar e retomar seu crescimento no mercado varejista.