A Braskem (BRKM5) está considerando a possibilidade de reduzir ou até fechar parte de sua capacidade produtiva no Brasil. Segundo Roberto Bischoff, presidente da companhia, essa medida pode ser necessária se os desafios de competitividade no setor continuarem. A situação atual é agravada pelo ciclo de baixa da indústria petroquímica global, custos elevados de matéria-prima e dificuldades estruturais enfrentadas pela indústria brasileira.
Com taxas de operação em torno de 70%, a Braskem está longe do ideal de 85% a 90% necessário para se obter um retorno satisfatório. A empresa registrou uma média de ocupação de 71% entre abril e julho, refletindo também a suspensão das operações no Rio Grande do Sul por quase um mês devido a enchentes. Essa taxa está três pontos percentuais abaixo do primeiro trimestre de 2024.
Desafios de Competitividade para a Braskem no Brasil
No Brasil, a indústria petroquímica enfrenta um ambiente competitivo desfavorável quando comparado ao resto do mundo. De acordo com Pedro Freitas, vice-presidente de finanças, suprimentos e relações institucionais da Braskem, a taxa de ocupação das plantas locais está quase 20 pontos percentuais abaixo da média global. Esse cenário resulta em um aumento acentuado das importações de produtos químicos e petroquímicos, como resinas termoplásticas.
Como a Sobreoferta Global De Produtos Petroquímicos Afeta a Braskem?
A sobreoferta global de produtos petroquímicos é um fator-chave nos desafios enfrentados pela Braskem. Enquanto países como Estados Unidos e Oriente Médio têm acesso a matérias-primas com custos significativamente menores, o Brasil ainda não adotou medidas de defesa comercial suficientes para proteger sua indústria. Em 2022, a tarifa antidumping do PVC importado dos Estados Unidos foi reduzida de 16% para 8,2%, o que agravou ainda mais a situação, aumentando as compras externas dessa resina.
Quais São as Possíveis Soluções para a Indústria Petroquímica Brasileira?
Para enfrentar esses desafios, a Braskem e outras empresas do setor estão solicitando ao governo federal a elevação temporária das tarifas de importação de determinados produtos. Além disso, há pedidos para a revisão do Regime Especial da Indústria Química (Reiq), que atualmente oferece um benefício fiscal de 0,7% sobre matérias-primas, valor muito inferior aos 8,25% instituídos há uma década.
- Revisão de tarifas antidumping para produtos importados
- Readequação do Regime Especial da Indústria Química (Reiq)
- Solicitação de suporte de bancos públicos, como o BNDES
- Adaptação às novas práticas comerciais e competitivas globais
A indústria petroquímica global vive um momento de reavaliação. Empresas como a LyondellBasell também estão examinando seus ativos do ponto de vista competitivo, especialmente na Europa. No Brasil, medidas como os programas de estímulo federal à indústria, incluindo o programa Nova Indústria, são vistas como oportunidades valiosas. No entanto, segundo os executivos da Braskem, são necessárias ações específicas com foco tanto no curto quanto no longo prazo para realmente fazer a diferença.
A situação é complexa e exige um esforço conjunto de toda a cadeia produtiva e do governo para encontrar soluções que permitam à Braskem e à indústria petroquímica brasileira como um todo, voltar a operar em níveis mais saudáveis e competitivos.
O Impacto Global na Indústria Petroquímica
Não são só as condições locais que influenciam a situação da Braskem. A expansão da capacidade instalada na China e o acesso privilegiado a matérias-primas no Oriente Médio e nos EUA também contribuem para a sobreoferta global. Isso força produtores ao redor do mundo a tomar decisões drásticas, como fechar fábricas ou reduzir capacidades.