Em setembro de 2024, espera-se que os Estados Unidos iniciem um novo ciclo de corte de juros, uma notícia que está sendo avidamente acompanhada por investidores. As previsões do monitor do CME Group indicam uma probabilidade de mais de 100% para essa medida. No entanto, a magnitude desses cortes ainda é motivo de debate entre os principais nomes do mercado financeiro.
Ainda que a maioria dos analistas concorde sobre o início do ciclo de redução, a extensão desses cortes tem causado divergências. André Jakurski da JGP e Luis Stuhlberger da Verde acreditam que o mercado está inflacionando suas expectativas.
Por outro lado, Rogério Xavier da SPX enxerga mais margem para cortes do que o previsto pela maioria. Essas opiniões foram expressas no Macro Day, evento promovido pelo banco BTG Pactual.
Impacto dos Cortes de Juros nos Estados Unidos em 2024
Baseando-se nas previsões do mercado, há uma chance superior a 50% de que a taxa de juros americana, atualmente entre 5,25% e 5,5%, seja reduzida para cerca de 3,5% até o metade de 2025. No início deste mês, um aumento inesperado no desemprego nos EUA trouxe à tona temores de recessão, levando muitos a clamarem por uma reunião extraordinária do Fed para discutir cortes de juros. No entanto, dados de atividade econômica mais fortes ajudaram a amenizar essas preocupações.
Controvérsias dominam as conversas entre os especialistas, com visões distintas sobre o estado atual da economia dos EUA e as medidas necessárias para garantir sua estabilidade futura. Enquanto alguns apontam para um desempenho robusto, outros preveem uma desaceleração iminente.
O que pensam os especialistas sobre a queda de juros?
André Jakurski sustenta que “os juros não precisam cair tanto quanto o mercado imagina”. Para ele, a economia americana está mostrando resiliência. Suas preocupações se concentram em questões estruturais, como riscos geopolíticos e a capacidade limitada de governos e bancos centrais em enfrentar uma nova crise devido aos altos déficits e balanços pressionados.
Rogério Xavier, por outro lado, acredita em uma desaceleração mais pronunciada. Ele observa que enquanto os balanços corporativos ainda parecem bons, as projeções de lucro futuro são menos otimistas. “As expectativas de demanda futura são preocupantes, e o próprio Fed já discutiu cortes de juros em suas reuniões.
Qual será o futuro da economia dos EUA?
Para Xavier, “o Fed já está atrás da curva”, indicando que a política monetária está respondendo de forma lenta às mudanças econômicas. Ele acredita que será necessário reduzir ainda mais as taxas de juros para incentivar a economia.
Segundo ele, o prêmio da curva de juros americana sugere um corte maior do que 25 pontos percentuais na próxima reunião. “Se qualquer dado mais fraco do mercado de trabalho surgir, o Fed pode optar por um corte de 50 pontos base (bps), o que me parece uma medida acertada.”
Luis Stuhlberger do Verde adota uma visão mais equilibrada. Ele observa que o mercado está agora “mais racional”, mas ainda acredita que um corte de 25 pontos-base pode ser suficiente para começar a desacelerar a economia dos EUA de maneira controlada. “Não há motivos suficientes na economia americana para justificar um corte de 50 bps em setembro,” afirma Stuhlberger.