Nos últimos meses, a Caixa Econômica Federal promoveu mudanças significativas nos critérios para concessão de financiamentos imobiliários.
A decisão tem impacto direto sobre os pedidos de empréstimo relacionados ao uso do interveniente quitante e portabilidade.
Agentes do setor imobiliário reportaram que o banco se tornou mais criterioso ao avaliar pedidos de financiamento originados em outras instituições financeiras. Os detalhes exatos dessas mudanças não são divulgados, mas já se nota uma postura mais rígida na avaliação de riscos e viabilidade.
O papel do interveniente quitante nos financiamentos imobiliários
Para entender melhor essa situação, é essencial compreender o funcionamento do interveniente quitante no contexto de financiamentos imobiliários. Neste mecanismo, quando um comprador adquire um imóvel ainda financiado por outro, a instituição financeira que concede o novo financiamento liquida a dívida anterior e assume o saldo devedor.
A prática do interveniente quitante é comum, pois permite a troca de credores sem que o devedor inicial precise quitar antecipadamente sua dívida. No entanto, a Caixa passou a adotar maior cautela na aceitação dessas operações, focando em clientes com vínculos mais estreitos com o banco.
Por que a prioridade para clientes próprios?
Com recursos limitados no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), a Caixa justifica essa seleção focando em clientes com histórico e relacionamento preexistente com o banco. Segundo fontes internas, esta estratégia ajuda a mitigar riscos e a preservar a liquidez em um ambiente econômico desafiador.
A execução dessa diretriz não é oficial e não consta em comunicados públicos do banco, mas reflete uma abordagem mais pragmática e defensiva diante das condições atuais do mercado imobiliário e a demanda crescente por financiamentos domiciliares.
Crédito imobiliário: Taxas de juros e concorrência no setor
A Caixa é uma das principais instituições financeiras do Brasil, responsável por cerca de 70% dos financiamentos imobiliários no país. Com taxas de juros mais competitivas, em torno de 10% ao ano, o banco ainda oferece atrativo diferencial em relação a outras instituições como o Itaú Unibanco e Santander, cujas taxas superam 11% anuais.
Essa vantagem fez o volume de novos financiamentos na Caixa crescer substancialmente, superando expectativas anteriores. No entanto, a crescente restrição de recursos impulsionou a revisão de políticas financeiras, como o aumento das captações via LCI.
O impacto dos resgates na poupança e ações futuras
Os resgates líquidos na poupança alcançaram mais de R$ 200 bilhões desde 2021, segundo o Banco Central. Esse movimento reflete a procura por investimentos mais rentáveis, pressionando ainda mais a instituição financeira a buscar alternativas de financiamento.
Recentemente, a Caixa implementou novas estratégias para lidar com essa situação: reduziu a proporção de imóveis financiados e aumentou as captações de mercado através de instrumentos como LCI, que pagam rendimento acima do CDI. Persistindo o cenário atual, a Caixa pode considerar um aumento nas taxas de juros do SBPE.