O presidente Lula e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, enfatizaram no último domingo (25) durante uma reunião no Prevfogo, na sede do Ibama em Brasília (DF), possíveis ações criminosas que têm contribuído para os incêndios florestais que se agravaram nos últimos dias no Brasil.
A Polícia Federal abriu 31 inquéritos para investigar as causas dos focos de calor, sendo dois na região de São Paulo, que registrou mais de 30% dos focos no país na sexta (23) e no sábado (24), de acordo com dados do Inpe.
Investigação de incêndios criminosos é foco principal
Durante a apresentação na sala de monitoramento do Prevfogo, Lula afirmou que até o momento não foram detectados incêndios iniciados por raios, sugerindo que há ações deliberadas para causar fogos na Amazônia, no Pantanal e, notadamente, em São Paulo.
Por que São Paulo está enfrentando tantos incêndios?
O estado de São Paulo registrou 2.191 focos de calor em um período de 48 horas, correspondendo a cerca de 42% dos focos no estado em 2024.
“Não é natural em nenhuma circunstância que São Paulo tenha tantas frentes de incêndio em um curto espaço de tempo, afetando vários municípios simultaneamente”, disse Marina Silva durante uma entrevista coletiva após a reunião.
A ministra destacou os esforços governamentais em nível federal para conter os incêndios e punir as ações criminosas relacionadas ao uso deliberado do fogo.
Medidas em andamento
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, informou que 15 delegacias no interior de São Paulo e a superintendência regional da PF estão mobilizadas nas investigações.
Além disso, Rodrigues mencionou que inquéritos foram abertos para investigar incêndios na Amazônia e no Pantanal. “Aguardamos as conclusões das investigações para termos respostas definitivas,” afirmou Rodrigues.
Confira algumas medidas em curso:
- Mobilização de mais de 3.000 brigadistas pelo Ibama e ICMBio em todo o país, incluindo 1.468 na Amazônia.
- Três bases interfederativas foram criadas para melhorar a cooperação entre União e estados no combate aos incêndios na Amazônia.
- 959 profissionais federais estão em campo combatendo incêndios no Pantanal, apoiados por 18 aeronaves.
Políticas e recursos para o combate aos incêndios
Lula informou que participará da próxima reunião da sala de situação, coordenada pela Casa Civil, para discutir estratégias de prevenção e combate aos incêndios florestais. Os governadores dos estados mais afetados também serão convidados.
Entre outras iniciativas, o governo lançou a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, que proíbe o uso de fogo para desmatamento ou supressão de vegetação nativa, exceto em casos de queimadas controladas.
Além disso, R$ 293 milhões foram aprovados do Fundo Amazônia para apoiar os Corpos de Bombeiros nos estados amazônicos, e o Programa União com Municípios destinará R$ 780 milhões para ações de combate ao desmatamento e incêndios em 70 municípios prioritários na Amazônia.
Reforço no combate pelo Governo Federal
No Dia Mundial do Meio Ambiente, em junho, o presidente Lula assinou um pacto com governadores da Amazônia e do Pantanal para reforçar as medidas de prevenção e controle de incêndios, incluindo a suspensão de autorizações de queima durante o período seco.
A reunião no Prevfogo contou com a presença do ministro Alexandre Padilha (SRI), do ministro interino Laércio Portela (Secom) e dos presidentes do Ibama, Rodrigo Agostinho, e do ICMBio, Mauro Pires, além de outros representantes federais.
Outras medidas em discussão visam a continuidade do apoio, incluindo o uso de aeronaves como o KC-390 para lançar água em áreas atingidas e a mobilização de cerca de 400 militares em São Paulo.