Durante uma entrevista à rádio Gaúcha na última sexta-feira (16), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discutiu amplamente a atual política de juros e a autonomia do Banco Central (BC).
Responsável pela definição da taxa Selic, que atualmente está em 10,50% ao ano, o BC tem sido alvo de diversas discussões sobre sua independência e suas decisões monetárias.
Lula abordou a necessidade de se tomar decisões corajosas e responsáveis quando se trata de ajustar a taxa de juros. “Quando há necessidade de aumentar os juros, isso precisa ser feito”, afirmou, deixando claro que não há interferência governamental na autonomia do BC.
Por que a taxa de juros é crucial para a economia brasileira?
O presidente argumentou que o ajuste da taxa de juros é fundamental para o controle da inflação e o crescimento econômico. “Na hora em que for necessário reduzir a taxa de juros, essa decisão deverá ser tomada com a mesma responsabilidade”, ressaltou.
Lula destacou que o papel do presidente da República não é o de atuar como economista. Ele acredita que episódios passados demonstram que essa abordagem não é eficaz: “Sempre que o presidente se envolveu diretamente na economia, o resultado não foi positivo para o país.” – declarou.
Banco Central sob nova liderança?
O presidente Lula adiantou que uma nova liderança para o Banco Central está sendo considerada, esperando que a taxa de juros comece a diminuir para trazer mais estabilidade econômica.
Ele revelou planos de discutir as novas nomeações com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e com líderes da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
Lula afirmou que deseja evitar o desgaste que ocorre quando há especulação prolongada sobre os indicados, por isso, deseja que a votação ocorra rapidamente.
Quem será o próximo presidente do Banco Central?
Embora especule-se sobre a possibilidade de Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do BC, assumir a presidência, Lula não confirmou essa informação. “Eu tenho direito de indicar o presidente do BC e outros diretores, e essa pessoa deve ser responsável e dedicada aos interesses do povo brasileiro”, afirmou.
Críticas e expectativas
Lula reiterou sua desaprovação em relação à condução atual do Banco Central sob Roberto Campos Neto, mas insistiu que seu descontentamento é com a política adotada, não com o indivíduo. “A atual política de juros prejudica o país e o setor produtivo,” disse Lula, argumentando que o Banco Central deve atuar em benefício do povo brasileiro.
Para Lula, apesar da autonomia do Banco Central, é essencial que suas ações sejam sempre alinhadas com o bem-estar da população. “O Banco Central precisa lembrar que deve ao povo brasileiro e não pode agir como uma entidade isolada”, concluiu.