O anúncio do adiantamento para outubro da festividade de Natal foi feito na noite da última segunda-feira (2), em um programa de auditório que Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, apresenta semanalmente.
Durante o programa, o líder chavista afirmou à plateia que “Setembro já cheira a Natal” e, em agradecimento ao povo, decidiu decretar o adiantamento das comemorações natalinas para 1º de outubro deste ano.
“Este ano, em homenagem a vocês, em agradecimento a vocês, vou decretar o adiantamento do Natal para 1º de outubro. Começa o Natal em 1º de outubro para todos e todas. Chegou o Natal com paz, felicidade e segurança,” declarou Maduro.
Natais antecipados de Maduro
Coincidindo com um momento de grande tensão no país, essa não é a primeira vez que Maduro decidiu antecipar as festividades de Natal. Em 2013, o líder venezuelano já havia decretado que as comemorações começassem a partir de 1º de novembro, justificando que desejava “felicidade e paz para todo o mundo” e “derrotar a amargura.”
Naquela ocasião, o decreto veio alguns meses após a morte de Hugo Chávez em março de 2013 e de uma eleição presidencial cuja lisura foi amplamente contestada. A decisão gerou debates e especulações, tanto internos quanto internacionais, sobre as intenções por trás desse tipo de medida.
Qual o impacto do adiantamento do Natal na Venezuela?
O adiantamento do Natal para 1º de outubro gera diversas reações na Venezuela, um país marcado por divisões políticas e sociais intensas. Algumas pessoas veem a medida como uma tentativa de distração da população em meio às tensões decorrentes das eleições presidenciais de 28 de julho.
Também na segunda-feira (2), a Justiça da Venezuela acatou um pedido do Ministério Público para emitir um mandado de prisão contra o opositor Edmundo González. Ele concorreu à eleição presidencial de julho e está sendo investigado por uma série de crimes graves, incluindo usurpação de funções da autoridade eleitoral e sabotagem de sistemas.
O mandado de prisão formaliza as acusações contra González, que teria ignorado três intimações para prestar depoimento. O Ministério Público, que é controlado por chavistas e aliado do presidente, apresentou o pedido de prisão.
María Corina Machado reage ao mandado de prisão de González
A líder oposicionista, María Corina Machado, criticou duramente o mandado de prisão emitido contra Edmundo González.
Em suas palavras, “Maduro perdeu completamente o contato com a realidade. O mandado de prisão emitido pelo regime para ameaçar o presidente eleito Edmundo González ultrapassa uma nova linha que apenas fortalece a determinação do nosso movimento. Os venezuelanos e as democracias ao redor do mundo estão mais unidos do que nunca em nossa busca pela liberdade.”
A oposição usa os dados das atas eleitorais para argumentar que González venceu a eleição de 28 de julho. Mais de 80% dos documentos emitidos pelas urnas foram publicados por grupos opositores em um site, intensificando a controvérsia sobre a legitimidade das eleições.
Maduro, por sua vez, continua em sua função, enquanto as tensões políticas e as acusações de fraude eleitoral permanecem no centro das atenções internacionais.