Recentemente, uma extensa pesquisa realizada pela XP entre 33 importantes instituições financeiras trouxe à luz as expectativas em torno das políticas do Banco Central e as estratégias de investimento adotadas pelos gestores de multimercados.
Este estudo, conduzido entre os dias 5 e 12 de junho de 2024, revela uma forte tendência dos gestores em manter a taxa de juros Selic a 10,50% ao ano, um indicativo claro da postura cautelosa frente aos desafios econômicos que se apresentam.
O aumento nas projeções do IPCA para os anos de 2025 e 2026, juntamente com a piora do risco fiscal e instabilidades políticas emergentes de Brasília, são vistos como os principais fatores que demandam a atenção e prudência do Banco Central.
Diante deste cenário, as estratégias de alocação de recursos dos fundos de investimento estão sendo cuidadosamente reajustadas, evidenciando uma expectativa de estabilidade nos juros no Brasil ao contrário dos mercados mais desenvolvidos.
Qual é a expectativa para a taxa de juros no Brasil em 2024?
De acordo com a pesquisa da XP, a esmagadora maioria (94%) dos gestores consultados não prevê cortes nas taxas de juros ao longo de 2024, refletindo uma perspectiva de manutenção das atuais políticas econômicas.
Este consenso sugere uma preocupação com a inflação futura e os recentes desenvolvimentos fiscais e políticos que poderiam desestabilizar a economia brasileira.
Impacto das decisões monetárias nas estratégias de alocação
A pesquisa também apontou mudanças significativas nas estratégias de alocação dos gestores, com uma diminuição nas posições aplicadas em juros no Brasil.
Ao mesmo tempo, houve um aumento de alocações em juros nos mercados desenvolvidos, indicando um maior apetite por riscos que possam se beneficiar de um eventual corte de juros nessas regiões.
Além disso, fortaleceu-se a preferência por juros reais, em detrimento dos nominais, buscando proteger os investimentos contra as flutuações da inflação.
Preferências e movimentações cambiais dos gestores
A análise da XP mostrou uma clara tendência de aumento nas posições compradas em dólar, com a intensificação dessa estratégia de 89% para 94% dos gestores em apenas um mês.
Este interesse pelo dólar está alinhado com uma visão menos otimista para o real, onde 63% dos gestores mantêm uma exposição vendida, apostando na sua desvalorização.
- Atenção ao mercado de ações: Junho trouxe uma perspectiva mais negativa para a economia local, influenciando diretamente na alocação em ações brasileiras, que viu uma redução de 71% para 65%. Por outro lado, o otimismo com a economia global e inovações tecnológicas, como a inteligência artificial, impulsionou uma visão mais positiva, com um aumento nas alocações em bolsas globais de 60% para 70%.
As conclusões dessa pesquisa são cruciais para os investidores atribuem estratégias em seus portfólios, considerando um cenário econômico ainda volátil e incerto.
Com uma análise cuidadosa e uma gestão de risco eficiente, os gestores de multimercados estão se posicionando estrategicamente frente às oportunidades e desafios que o futuro próximo reservava.